Kitchen é um livro singular. A começar pelo nome da autora: Mahoko Yoshimoto, filha do poeta e crítico literário Takaaki Yoshimoto, não usa seu nome verdadeiro, mas o pseudônimo ‘Banana Yoshimoto’- como homenagem à flor de bananeira, que ela afirma ser ‘bonita’ e ‘propositadamente andrógina’.

Mas não é apenas a escolha do pseudônimo que a autora usa que fazem com que a obra seja única. As três narrativas presentes na edição brasileira (e na maioria das edições ao redor do mundo) tratam sobre a perda de algum ente querido, de um modo que a primeira vista parece um tanto superficial, mas que possui ecos mais profundos e dolorosos, que, de certa forma, remetem à textos quase que canônicos da literatura japonesa.

Apesar desse elo com o passado da literatura de seu país, Banana é uma autora ocidentalizada, seja por suas ideias, seja por seu estilo. E isso é o que lhe rende a ovação da juventude em seu país (e ao redor do mundo, mas em menor escala) e ataques da crítica.

O livro começa com Kitchen- o título está em inglês no original-, que narra a história da jovem Mikage que, sendo órfã, vivia com a avó. Após a morte desta, Mikage é acolhida pelos Tanabe, uma família um tanto peculiar. O começo do livro é a declaração de amor de Mikage pelas cozinhas- algo que, sutilmente, será de suma importância na seqüência.

A segunda narrativa é a continuação, Lua Cheia, ou Kitchen 2. Mikage já não vive mais com os Tanabe e é a vez de Eriko Tanabe falecer. Mikage sente a perda novamente e Yuichi, filho de Eriko, também. Juntos, estão sozinhos no mundo.

A terceira parte, ‘Moonlight Shadow’, cujo título também está em inglês no original e remete a uma música mencionada no texto, conta sobre a jovem Satsuki que, aos vinte anos perde o namorado em um acidente de carro. A perda dói profundamente na jovem- apesar de várias vezes ela mencionar o fato de serem jovens e que a relação poderia não ser para sempre. Não é a mais triste, mas é a mais bonita das três partes.

Não sei se concordo mais com a crítica ou com os fãs de Banana, acho que preciso ler mais coisas dela. Mas o que li até agora me interessou, pareceu-me realmente bom- e é interessante ir além de Murakami e Oe no que concerne literatura japonesa contemporânea.

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