O realismo mágico (também chamado de fantástico ou maravilhoso) é um movimento literário contemporâneo cunhado e difundido no meio do século XX. Nasceu na América Latina, mas foi influenciado por movimentos e escritores do mundo inteiro, tais como Kafka e Edgar Allan Poe.
No ápice do realismo fantástico surgiram grandiosos autores na América Latina,como Gabriel Garcia Márquez, Jorge Luiz Borges, Julio Cortazar, Carlos Fuentes, Izabel Allende, embora muitos digam que o venezuelano Arturo Uslar Pietri tenha sido o precursor do movimento, influenciado especificamente por Macunaíma, de Mario de Andrade, que possui os primeiros traços do movimento. A expressão só veio a ficar famosa quando usada pelo ganhador do Nobel de literatura Miguel Ángel Astúrias.
A obra mais célebre e difundida é do colombiano Gabriel Garcia Márquez, que com seu “Cem Anos de Solidão” divulgou o movimento mundialmente, e consagrou também o italiano Ítalo Calvino, do mesmo estilo literário, que criou diversas obras do gênero.
O realismo fantástico tem por objetivo criar, através de elementos e acontecimentos extraordinários, o irreal sob uma ótica ordinária e comum, em um tempo geralmente cíclico e não-linear; o estilo procura, através de metáforas e situações que não são possíveis em nossa realidade, criticar e refletir através da psicologia e realidade humanas, utilizando elementos como misticismo, religiosidade, folclore e magia. Tais elementos causam no leitor sentimentos e emoções obscuras e inquietantes, onde histórias, algumas macabras e outras bem humoradas, provocam sensações diferentes graças à descoberta do desconhecido.
Este estilo difundiu-se pelo mundo após seu boom na década de 60, e influenciou não só a literatura,mas também o cinema. Alguns dizem que filmes como Peixe Grande, O fabuloso Destino de Amélie Poulain e A casa do Lago têm forte influência do realismo fantástico.
No Brasil o movimento teve escritores grandes mas pouco conhecidos, como J. J. Veiga e Murilo Rubião. Infelizmente a curta obra de Murilo – são apenas 33 contos não foi fortemente divulgada e apreciada.
Murilo foi um dos precursores do realismo fantástico de modo geral. Seu primeiro livro (O ex-mágico) foi publicado somente em 1947, quando a literatura hispano-americana teria seu ápice. Murilo admitiu ser fortemente influenciado por Machado de Assis, E.T.A. Hoffman, Edgar Allan Poe e, apesar de agnóstico, pela Bíblia. Sua pequena obra é intensa, de um realismo que seduz o leitor e traz à tona o desconforto provocado pelos acontecimentos que sua narrativa toma.
O escritor mineiro passou despercebido pelo público até meados dos anos 70, quando publicou “Os dragões e outros contos”, sendo então apreciado por literários e escritores, mas nem por isso tornou-se sucesso de vendagens, o que infelizmente continua sendo uma realidade.
Rubião foi um escritor extremamente meticuloso, conhecido por alterar e reescrever seus contos diversas vezes até achar a perfeição. Levou 26 anos para concluir o inquietante e sombrio conto “O Convidado”, onde o personagem é recebido em uma festa, mas não sabe de quem partiu o convite. Outros textos, como “Os comensais”, “Aglaia” e “Elisa” mostram a capacidade de Rubião em relacionar seus contos com as angústias humanas de modo nebuloso e curioso para o expectador. Talvez seu conto mais conhecido seja o Pirotécnico Zacarias.
A editora Companhia das Letras publicou todos os contos de Murilo dividindo-os em três livros: O Pirotécnico Zacarias e outros contos, A Casa do Girassol Vermelho e outros contos e O Homem do Boné Cinzento e outros contos. Alguns textos de Murilo já foram traduzidos para o espanhol, inglês e alemão, e quatro de suas histórias já foram adaptadas para o cinema como curtas-metragens.
(Este artigo é uma colaboração de Felipe “Felipe_al” Alves.)
Aê! Realismo fantástico bomba *____*
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Parece muito bom, esse realismo fantástico parece mais real do que o que estou acostumada mas se ele foi influenciado por Poe deve ser bom.
Estava pesquisando sobre realismo fantástico no Brasil e me deparei algumas vezes com o nome de Murilo Rubião. Fiquei surpresa por um autor ser considerado tão importante nesse vertente e, mesmo assim, permanecer desconhecido do público. Conheço Poe, Gabriel Garcia Márquez, Borges, mas realmente não lembro de ter ouvido qualquer coisa sobre Murilo Rubião, nem mesmo na faculdade de Letras. Fico pensando na quantidade de famosos anônimos que devem existir por aí…
Muito interessante o artigo sobre “realismo fantástico”. Talvez o escritor gaúcho Érico Veríssimo deva ser incluído na lista, por sua obra “Incidente em Antares”. E pelo menos um conto de H.P. Lovecraft, “O Festival”, também se encaixa na definição.